Da Universidade para a Região
J. Cadima Ribeiro
As mudanças nas hierarquias espaciais observadas desde o início dos anos 70 do século XX conduziram os investigadores da Ciência Regional a formular novas explicações para e a inquirir sobre o papel desempenhado pelo território. A pesquisa subsequente permitiu compreender que o território deveria ser considerado como um recurso específico, resultado de um processo (colectivo) de construção histórica e cultural. Em vez da ultrapassada ideia da neutralidade do espaço até então vigente, impôs-se progressivamente a noção de espaço como campo de forças onde o nível do output depende da capacidade para produzir um misto de coesão, inovação e de comportamentos estratégicos, num contexto sistémico evolutivo.
Instituições como a Universidade são vectores marcantes do campo de forças a que se alude antes. A sua importância estratégica será tanto maior quanto a instituição universitária tenda a ser vista pelas empresas e populações da região envolvente como um agente de primeira ordem da parceria mobilizável para o desenvolvimento. Um parceiro tanto mais estratégico quanto as rupturas tecnológicas e organizacionais entretanto acontecidas vêm sublinhando a importância das componente criação e partilha de conhecimentos inerentes a qualquer projecto de transformação territorial.
Quer-se com isto dizer que o conhecimento e a acção associada ao domínio do saber tecnológico e organizacional, do saber e do saber-fazer, se sugerem hoje, como nunca antes os elementos portadores da diferença, entre ganhadores e perdedores da batalha do progresso social.
Uma percepção errónea do significado e importância destes dados poderá levar a pretender que as instituições de formação superior e de investigação se constituam em centros de poder social e político, mesmo faltando aos seus intérpretes a legitimidade que resulta dos processos democráticos de escolha pública alargada. Obviamente, da sua relevância estratégica, algum poder lhes resulta mas, atentos à missão da Universidade e das instituições de investigação, cumprir-lhes-á, sobretudo, ser agentes de formação e de mudança social, ser facilitadores da comunicação entre diferentes instâncias de poder económico e deste com os poderes políticos, e ser espaços de diálogo e agitadores de novos desafios sociais.
Da minha exposição ao mundo empresarial e político, como técnico e como académico, sou, porventura, dos que estão mais bem posicionados para perceber o universo de inibições, barreiras e complexos que têm toldado a comunicação e a efectividade da parceria para o desenvolvimento entre a Universidade do Minho e os principais actores da Região. Não tenho dúvidas de que há responsabilidades divididas tanto da UMinho, como dos empresários e dos políticos da sua envolvente regional, no insuficiente partido que o território tem tirado da Instituição. Se, pese isso embora, não se consegue pensar a presente realidade do Minho (sobretudo, do Baixo Minho) sem o contributo da sua Universidade, imagine-se o que se poderia ter alcançado e, especialmente, o que se poderá conseguir tirando pleno partido das capacidade competências científica e técnica instaladas.
Seguro que estou desse potencial, não estou menos certo de que as instituições carecem de lideranças esclarecidas. A sua ausência ou o insuficiente exercício desse papel nas organizações, quando as não levam à morte, debilitam-nas.
É também por isso que a mudança na UMinho urge.
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