Saturday, April 15, 2006

Primeira entrevista na imprensa regional

Parte III

Apelo directo aos elementos da Assembleia da Universidade
Se as eleições fossem abertas eu teria uma maioria expressiva

CM: Tem escrito sobre “tiques censórios”, “controlo de vigilância” e de uma “máquina de propaganda”. Podemos imaginar um “big brother” na Universidade do Minho?

MM: Os avanços tecnológicos nunca têm leituras de um único sentido. O grande avanço da racionalidade administrativa trazida por esta reitoria assentou nas possibilidades das novas tecnologias. Eu adverti para alguns perigos. Nós temos uma rede interna que já funcionou como rede de debate. Esta reitoria proibiu que a rede interna funcione como fórum de discussão. Aqui não há democracia electrónica. Isso é claro. O mais grave é eu ter sabido, por despacho do reitor, que a Academia passava a ter um jornal, o “UMjornal”, e, ainda hoje, não saber, por esta reitoria, que ele acabou. A reitoria silenciou-o. Eu deveria ter sabido por despacho que o jornal acabou.

CM: Essas circunstâncias podem prejudicar a sua candidatura e o debate eleitoral?

MM: Isso não acho. A cultura autoritária é um anacronismo numa sociedade aberta e democrática. Não há o jornal da Academia, mas há muitos outros jornais. Eu estou convencido de que exprimo o sentir da Academia. Se as eleições fossem abertas, eu teria uma maioria expressiva nessas eleições.

CM: E com o actual colégio eleitoral?

MM: Eu espero convencê-los. Espero sair vitorioso. Eu não tenho um projecto de afirmação pessoal dentro da Academia. A mim importa-me como académico a promoção do debate e da cultura de participação.

CM: A sua candidatura é para levar até ao fim?

MM: Não há dúvidas sobre isso.

CM: Já tem a sua equipa formada?

MM: Tenho uma equipa a trabalhar comigo. Só muito recentemente é que me decidi levar isto por diante. Vai compreender que sobre alguns dossiers eu não me tenha instruído. Por exemplo, sobre a Quinta dos Peões ou sobre o novo Hospital.

CM: A questão dos terrenos da Quinta dos Peões foi uma prioridade desta equipa reitoral.

MM: Tal como sobre o Hospital, não sei neste momento pronunciar-me. São dossiers complexos. Em devido tempo, isso será feito. A minha grande preocupação é promover a cultura de participação. Nesse sentido estou convencido de que ganharei a Academia. Se ela fosse livre de se exprimir, a minha maioria seria expressiva. O colégio eleitoral é constituído por representantes que devem ouvir as suas bases.

CM: Esse seu discurso auto-crítico não pode ser politicamente incorrecto neste momento de disputa eleitoral para a reitoria da Universidade do Minho? Não teme ter os seus pares contra si na hora do voto?

MM: De modo nenhum. Eu não nasço como uma voz isolada da Academia.

CM: A alteração do método de eleição do reitor e o reforço do Senado serão prioridades para si, caso seja eleito?

MM: Absolutas. O Senado é o órgão superior de uma Universidade. A estratégia tem que ser traçada no Senado. Nada tenho contra a ideia do Conselho Consultivo, para melhor instrução do reitor, não para esvaziar o principal órgão académico. Sobre a eleição do eleitor, que sentido é que tem eleger um reitor sem os representantes dos projectos pedagógicos e científicos, directores de departamento, directores de cursos e directores de centros de estudos?

CM: Como vai ser a sua campanha? Já tem um blogue…

MM: Estou no começo de um combate. A campanha oficial é só a partir do dia 16 de Maio. Se a minha proposta é da participação, tem que ser capaz de demonstrar que sou um homem de cultura participativa. A minha campanha vai assentar no debate com os alunos, professores e funcionários. Tenho que os ouvir. Como eu convoco a Academia para uma ideia alternativa de governo desta Universidade, penso no tempo que resta propor algo que mobilize as pessoas. Os tempos de crise têm que ser ultrapassados com a participação das pessoas, não passando por cima delas.

CM: No entanto, tem que se sujeitar às regras do jogo. Se o colégio eleitoral é tão restrito como diz, há quase como que uma contagem de espingardas…

MM: Não farei isso. Falo para a Academia. No colégio eleitoral ninguém está lá de mote próprio. Será interessante, por exemplo, fazer uma sondagem sobre o que pensam os professores, os alunos e os funcionários das duas candidaturas.

CM: Nas eleições de há quatro anos, foi muito comentado o facto de o presidente da Associação Académica da altura ter expressado o seu apelo à candidatura do actual reitor. A questão que se colocou era se essa voz exprimia a vontade dos estudantes…

MM: Não sei. Só sei que a Assembleia são cerca de 80 pessoas que exprimem a Academia. Eu apelarei aos membros da Assembleia no sentido de que exprimam com verdade o sentir da Academia.

(continua...)

Texto: José Paulo Silva

Fotos: Rosa Santos

(publicado na edição de 13 de Abril do jornal "Correio do Minho", página 7)

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